
PARAÍSO DO TUIUTI
Primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, a Paraíso do Tuiuti somou vários problemas de evolução. Foram inúmeros buracos durante a apresentação em frente aos módulos julgadores e precisou correr no fim da exibição. Os destaques positivos ficaram por conta da criativa e bonita Comissão de Frente, e do samba-enredo, que funcionou bastante durante o desfile. A escola também somou bom conjunto estético, porém, confuso.
Apesar da velocidade na reta final, não foi possível completar o desfile no tempo regulamentar estourando o limite em dois minutos. Fora isso, a escola pode ter problemas em obrigatoriedade, afinal, a princesa Mayara Lima passou por apuros com o tapa-sexo, segundo o jornal Extra, e deixou a genitália à mostra, o que pode ocasionar penalidade.

O terceiro carro fazia alusão a “Wakanda”, cidade imaginária super desenvolvida de predominância preta. A alegoria trouxe duas panteras na parte de cima em referência ao herói Pantera Negra, interpretado por Chadwick Boseman. O carro tinha detalhes de design africano nas cores branca, preta e laranja, e as composições, vinham em gangorras, apresentando bonito efeito de movimento.
A alegoria quatro, “Estrelas Além do Tempo”, mostra um globo terrestre na parte do topo como referência a cientista negra Katherine Johson, que revolucionou a pesquisa espacial. Contudo, foi nessa alegoria que o problema de evolução foi gerado. Até mesmo alguns membros da bateria Super Som tiveram que ajudar na saída do último carro, o empurrando. A bateria do Mestre Marcão, no entanto, levantou o público com as suas bossas. A ideia de trazer personagens negros importantes na história foi boa, mas eles foram quase imperceptíveis escondidos no meio das alas.
PORTELA
No segundo ano do casal Lage, a Portela, mais uma vez, apresentou um bonito conjunto de fantasias e alegorias para trazer para a Sapucaí a árvore sagrada da vida, o Baobá. No entanto, problemas resultaram também em dificuldades no quesito Evolução. O samba, não muito destacado na época da escolha, confirmou o crescimento durante estes meses e passou bem na Passarela do Samba, impulsionado por mais uma boa atuação da Tabajara do Samba e pelo intérprete Gilsinho.
Outro ponto alto do desfile foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, com uma coreografia cheia de garra e vigor. Com o enredo “Igi Oṣè Baobá”, a azul e branco foi a segunda escola a pisar na Sapucaí, na última noite de desfiles do Grupo Especial encerrando a sua apresentação em 68 minutos.

No quinto e último setor, “Árvore de muitos frutos”, a escola encerrou o desfile com as ricas manifestações culturais afro-brasileiras que surgiram com o passar dos anos, trazendo em sua essência, as raízes do “Berço do mundo”. O tema foi de fácil leitura e com boa conexão entre os setores.
A bateria “Tabajara do Samba”, de Mestre Nilo Sérgio, estava fantasiada de “Oxossi”, protetor dos ritmistas, o caçador da flecha certeira. A rainha, Bianca Monteiro representava “Otim”, orixá feminino que habita nas matas, mais uma vez esbanjou simpatia e samba no pé. O prefeito Eduardo Paes veio à frente da escola com uma camisa.
O jogador Cafu, capitão do penta, foi outra celebridade do desfile. A última alegoria “Ancestralidade do Samba”, indicou os portelenses como legítimos herdeiros dos povos africanos, trazendo a Velha-Guarda, e no alto, uma escultura de Mestre Monarco, a essência da ancestralidade.
MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL
Com enredo em homenagem a Oxóssi, padroeiro da escola, a Mocidade Independente de Padre Miguel desfilou na madrugada deste domingo na Marquês de Sapucaí. A escola se destacou pela Comissão de Frente, no samba, cantado por muitos no Sambódromo, e no bom conjunto de fantasias. Contudo, apresentou graves erros de evolução por conta de um problema no abre-alas. A Estrela Guia também pecou no acabamento de algumas alegorias em apresentação que durou 68 minutos.
O segundo carro da Mocidade trouxe um grande elefante como consta em um dos itans de Oxóssi. O carro remetia às savanas africanas com espumas em bege, contudo, o acabamento da alegoria deixou a desejar e forma vistas pedaços de pano soltos e partes coladas com fita aparente. Na sequência, a Mocidade trouxe a alegoria “Entre Tambores e Dores: Uma terra devastada”. O carro representava a destruição de Ketu com um africano esculpido e martirizado como parte central. O carro, contudo, também teve problemas de acabamento. Na sequência a escola trouxe um grande terreiro de candomblé com Tia Chica como destaque em escultura gigante. O carro era predominantemente branco e verde.

No quarto setor, a escola de Padre Miguel retratou a chegada ao Brasil do orixá que tem um forte sincretismo religioso, onde no catolicismo se transforma em São Sebastião, responsável pela mistura das religiões de matriz africana com a indígena brasileira surgindo assim a Umbanda. A verde e branco fez referência às casas de Candomblé pelo país com tema central na casa de Tia Chica, recheada de cultura e ritmos africanos. O último setor rendeu uma grande homenagem à bateria “Não Existe Mais Quente”, que tem como marca essa ancestralidade do agueré.
Por fim, a Mocidade homenageou os mestres da escola em carro prateado, com a imagem de grandes personalidades da bateria, como André, Coé, Quirino, Jorjão e Bira. Os queijos dos destaques eram nos formatos de estrela e luzes verdes davam bom impacto visual.
UNIDOS DA TIJUCA
Quarta escola a desfilar no último dia de desfiles do Grupo Especial, a Unidos da Tijuca apresentou o enredo “Waranã – A reexistência vermelha” que foi desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. No início do desfile, ele trouxe um pede-passagem, elemento que anuncia a chegada dos tijucanos na Avenida, com o símbolo da escola, o pavão. A Comissão de Frente retratava o surgimento da etnia Mawé, na qual aconteceu a morte e o renascimento de Kahu e a resistência indígena brasileira.

Apesar de enorme beleza e imponência, um quesito que deu trabalho. O “pavão cósmico”; que abriu o desfile na primeira ala não tinha nenhuma iluminação, assim como o tripé de Kahuê, que passou com partes apagadas. Na parte estética propriamente dita, porém, um trabalho incrível de muita beleza. O abre-alas apresentou o paraíso com esculturas de jacaré e tigre e no segundo setor uma grandiosa tartaruga com flores simbolizando uma floresta. Na segunda alegoria, um efeito interessante abria e fechava os olhos do guaraná.
ACADÊMICOS DO GRANDE RIO
Arrebatador, assim pode ser definido o desfile da Acadêmicos do Grande Rio. Cercada de muita expectativa, a escola realizou um dos desfiles mais completos de sua história. Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentaram um trabalho de alto nível estético. O samba, muito elogiado no pré-carnaval, foi impulsionado pelo desempenho incrível de Evandro Malandro e da bateria de Mestre Fafá. Apresentando o enredo “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exú”, a tricolor de Caxias foi a quinta escola a cruzar a passarela do samba na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A escola terminou sua apresentação com 68 minutos.
Os componentes entraram com muita garra, mostrando que estava disposta a brigar pelo tão sonhado campeonato e saiu com a sensação de dever cumprido. O início foi esplêndido, a Comissão de Frente encantou e impactou o público, assim como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, passando perfeito por toda a Avenida. A agremiação saiu da Sapucaí sendo ovacionada pelo público e com a certeza de que brigará pelo título.

Foram cinco alegorias e dois tripés e a estética dos carros impressionou. A dupla de carnavalescos, que já criou identidade na agremiação caxiense, realizou um trabalho impecável, com um estilo próprio e único. Ficou provado que é possível fazer um projeto rústico ser bonito. Excelente acabamentos nos carros, os materiais utilizados e a riqueza de detalhes foram um bálsamo para os olhos.
Um dos principais destaques da escola, os ritmistas comandados por Mestre Fafá, com a fantasia “Nunca foi sorte, sempre foi Exu”, impulsionaram o canto e brincou durante todo o desfile. Com vasto repertório, apresentou várias bossas ao longo da passagem pela Avenida. Durante uma delas, os ritmistas paravam de tocar para que o canto se sobressaísse, em outros momentos foi observado pequenas coreografias, o suficiente para empolgar o público por onde passaram.
UNIDOS DE VILA ISABEL
Encerrando os desfiles do Grupo Especial, a Unidos de Vila Isabel apresentou o enredo “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!”, homenagem ao cantor e compositor oriundo do bairro de Noel. A azul e branco, foi muito bem começando pelo conjunto estético idealizado por Edson Pereira, algo admirável. O trabalho do carnavalesco trouxe para a Avenida uma escola esteticamente perfeita. Uma fantasia com mais beleza do que a outra, com variados destaques, como o próprio primeiro casal, que representavam “Raízes na Roça” e “O embaixador negro”. Destaque para as baianas coloridas e a saias com led.
As alegorias compostas por cinco carros e um tripé, trouxe mais um trabalho grandioso e quase impecável. O abre-alas simplesmente arrebatador, imponente, como pedia o enredo e as alegorias no geral apresentaram bons acabamentos, assim como a terceira, um grande navio azul com dragões na frente, o encontro de Martinho da Vila com sua herança africana. Foi o carro que destoou dos demais pelo acabamento traseiro superior.

A escola teve dificuldades em evolução no primeiro módulo, destaque-se, porém especialmente a partir do quarto carro, “África em prece”, com as alas de trás evoluindo com lentidão. No geral, apesar disso, um desfile bem fluido e boa desenvoltura. O samba fácil de ser cantado e ouvido, claramente entoado pelo carro de som liderado por Tinga em parceria com o Mestre Macaco Branco. Realmente empolgante, arrebatando a Avenida especialmente se lembrarmos que foi a agremiação responsável pelo encerramento dos desfiles em alto nível.
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