
É com imenso pesar que comunicamos o falecimento de Marcelo Luiz de Moura, Secretário Geral da Portela, aos 51 anos, vítima da COVID-19. Oficial do Exército Brasileiro, Marcelo trabalhava na área da Saúde desta Força Amarada, conciliando a disciplina militar com a alegria típica do mundo do samba. Portelense apaixonado, em 2003 foi um dos fundadores da Torcida Guerreiros da Águia, sendo o líder de um movimento pioneiro que revolucionou a forma de torcer por uma escola de samba, inspirada na paixão participativa dos torcedores de futebol, levando faixas, bandeiras e fumaças coloridas para a Sapucaí.
Em fevereiro de 2011, Marcelo Moura participou das primeiras reuniões com Marcos Falcon sobre possíveis mudanças no destino da Portela, embrião do que viria a ser, dois anos depois, a Chapa Portela Verdade. Após o carnaval daquele ano, participou de manifestação na porta da LIESA, sendo um dos integrantes da comissão recebida pelo presidente Jorge Castanheira, que discutiu com a entidade os problemas da Majestade do Samba. Marcelo comandou a Torcida Guerreiros da Águia nas atividades realizadas nos dois anos seguintes, e, com seu espírito agregador, trabalhou para a inclusão das demais torcidas da Portela no movimento que transformaria a escola.
Sócio Benemérito, Marcelo compôs a primeira versão da Chapa Portela Verdade como membro do Conselho Deliberativo, mas, logo em seguida, assumiu o Departamento Social, tendo a incumbência de ajudar na reorganização dos eventos realizados na quadra. Pouco depois, aceitando desafio junto ao Exército Brasileiro, afastou-se da escola temporariamente, transferindo sua residência para o Estado do Amazonas. Compôs a Chapa que elegeu Marcos Falcon e Luis Carlos Magalhaes, em 2016, como suplente do Conselho Deliberativo, e, ao retornar ao Rio de Janeiro, já na nova administração, assumiu o cargo de Secretário Geral. Em 2019, elegeu-se novamente membro titular do Conselho Deliberativo da Portela, mas se desincompatibilizou para permanecer como Secretário Geral, cargo que ocupava até hoje.
No último dia 7 de maio, ansioso como de costume, carregando seus atestados de comorbidade, Marcelo Moura chegou cedo à quadra. Ele tomou a primeira dose da vacina sem saber que já havia sido infectado pelo vírus. Lutou intensamente pela vida nas semanas seguintes. Deixa um filho chamado Felipe Moura.
O presidente Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão, e toda a diretoria da Portela lamentam o falecimento e se solidarizam com seus familiares, amigos e componentes da Torcida Guerreiros da Águia. Em novembro de 2020, a Portela plantou um baobá no Parque Madureira, numa homenagem a todos os portelenses que estão nos deixando durante esta terrível pandemia. Enquanto as raízes daquela frondosa árvore estiverem fincadas ao solo de Madureira, como manda a tradição africana, eles permanecerão entre nós.
No dia a dia, ao enfrentar as agruras impostas pela vida, Marcelo Moura, sempre exibindo um sorriso no rosto, repetia a frase que se tornou uma espécie de bordão: “É muita luta”. Marcelo foi um “Guerreiro”, mas agora chegou a hora de descansar. Nós seguiremos firmes, compartilhando os seus sonhos. E enquanto seus sonhos estiverem por aqui, você também estará. Então, sinta o frescor da eternidade e voe, Marcelo Moura. Monte na Águia branca que bate as asas diante ti, e vá ao encontro de nossos mestres imortais. Agradeça aos fundadores e, assim como eles sempre fizeram, olhe pela Portela. Esta é a sua nova missão. E um dia também será a nossa, que, por enquanto, seguimos no plano terreno.
A partir de agora, sempre que entrarmos na avenida, olharemos para o alto. Para além das arquibancadas e dos potentes holofotes do sambódromo, veremos uma bandeira azul e branca tremulando nas nuvens, e saberemos que tu estarás ao nosso lado, nos dando foça e transmitindo energia. E assim, para sempre, você continuará compartilhando das nossas conquistas.
Até um dia, Guerreiro.