PARCERIA DE J. VELLOSO (Campeã)

Compositores:
J. Velloso, Léo do Piso
Beto Nega, Julio Assis
Manolo e Diego Rosa

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

A nobreza da corte
É de ébano
Tem o mesmo sangue
Que o seu
Ergue o punho
Exige igualdade
Traz de volta
O que a história
Escondeu
Foi-se o acoite
A chibata sucumbiu
Mas você não reconhece
O que o negro construiu
Foi-se o acoite
A chibata sucumbiu
E o meu povo
Ainda chora
Pelas balas
De fuzil
Quem é sempre revistado
É refém da acusação
O racismo mascarado
Pela falsa Abolição
Por um novo nascimento
Um levante
Um compromisso
Retirando o pensamento
Da entrada de serviço

Versos para cruz
Conceição no altar
Canindé Jesus, ô Clara
Nossa gente preta
Tem feitiço na palavra
Do Brasil
Acorrentado
Ao Brasil
Que escravizava
E o Brasil
Escravizava

Meu pai Ogum
Ao lado de Xangô
A espada e a lei
Por onde a fé luziu
Sob a tradição Nagô
O grêmio
Do gueto resistiu
Nada menos
Que respeito
Não me venha sufocar
Quantas dores
Quantas vidas
Nós teremos que pagar?
Cada corpo um Orixá
Cada pele um atabaque
Arte negra
Em contra-ataque
Canta Beija-flor
Meu lugar de fala
Chega de aceitar
O argumento
Sem senhor
E nem senzala
Vive um povo soberano
De sangue azul
Nilopolitano

Mocambo de crioulo
Sou eu, sou eu
Tenho a raça
Que a mordaça
Não calou
Ergui o meu castelo
Dos pilares de Cabana
Dinastia Beija-flor

PARCERIA DE RODRIGO CAVANHA

Compositores:
Rodrigo Cavanha
Wilsinho Paz
Serginho Sumaré
Théo Ribeiro
Léo Freire e
Felipe Mussili

Participações especiais:
Dadá Maravilha e
Chacal do Sax

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Sou preto
Sou muito mais
Orgulho que lamento
A minha pele
É empoderamento
Sou cria
Do Quilombo
Da Baixada
Somos raiz
Raça que não há
De se curvar
O fruto do oxê
Meu pai Xangô

Kaô, kaô
Na força
Do meu ancestral
Eu vou

Acreditar
Fazer renascer
A chama no olhar
E seguir em frente
A vida é uma arte
A cor que não
Tem o tom
Nas asas
Do beija-flor
Presente

O dom da palavra
Liberta
Na cor
Dos meus versos
A transformação
Memórias em poesias
Inspiram escritas
Num papel de pão
Ganhei…
Os palcos da vida
Canções e avenidas
Me orgulho
Em representar
Sou eu…
A voz que não cala
Um Neguinho da Vala
De pés no chão
A cantar
Chegou…
Comunidade
Nilopolitana
A resistência
Que não se calou
Erguendo a bandeira
Do Mestre Cabana

Empretecer
O seu pensamento
Ouvir nossa voz
É prova de amor
Hei de lutar
Jamais sucumbir
Meu nome é Beija-flor

PARCERIA DE BRUNO RIBAS

Compositores:
Bruno Ribas, Thiago Alves
Alan Vinícius, Adilson Brandão
Fábio Braga e Junior Trindade

Participação Especial:
Lohan 77
Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Cabana nos traga
Sua poesia
Pra gente falar
De um novo dia
E acender a chama
Dos nossos ancestrais
São reis
Pensadores e poetas
A consciência desperta
Eu vou em frente
Ao olhar pra trás
Voa meu amor
Ao beijar a flor
Luanda está sorrindo
O banzo já passou
É lindo…
Seguir de novo
As estrelas
E me encontrar
Nas veredas
Que a cicatriz
Não apagou

Forjado por Ogum
Guiado por Xangô
Me impuseram
Memórias
Mudei a história
Me fiz professor

Axé
Filosofia aprendi
Nos terreiros
Ifé, sabedoria
De irmãos pretos
No palco enfim
Brilham Mercedes
Abdias
Nos versos
De mil Carolinas
Arte refletida em mim
Meu Beija-flor
Minha casa
Meu quilombo
Meu Nilo
No seu tambor
Resistir é meu
Maior motivo
Vem desse chão
Negras entidades
Neguinho é voz
Da liberdade

É canto de Griô
Reparação de fala
De um povo vencedor
Deusa da raça
O preto Beija-flor
Da lágrima sentida
Representa meu valor
Escola de vida

PARCERIA DE DR. ROGÉRIO

Compositores:
Dr. Rogério
Ronaldo Nunes
Luiz Pião, Márcio França
Rodrigo Sarmento e
Carlinhos Ousadia

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Chega
Não julgue
Se não sente
A minha dor
Tantas vezes
Já provei
O meu valor
Um beija-flor
Com sua raça
Congrega a massa
Por onde for
Basta
Já protestei
Mas ainda contrasta
Cansei da sua falsa
Simpatia
Não preciso mais
Da sua aceitação
Sou preceito
E “fundamento”
Punho cerrado
Contra a opressão

Quem vem
Na frente é Exú
(exú!) Nessas andanças
Na minha
“Sorte” é Ogum
(ogum)…
Quem forja a lança
A ignorância
Tem o mesmo “Tom”
Do preconceito
Mas no caminho da luz
Todo mundo é preto

É hora
De empretecer
A opinião
Fazer da arte
O nosso grito
“Favela armada
De ilusão”
Me livro de armas
Me armo de livros
Meu povo
Tem a graça de Pinah
Rainhas são Raíssas
Nesse chão
Aqui nascem
Claudinhos e Selminhas
O futuro da nação
Preto, seja
O que quiser
Pois não há
País sem cor
Cabana, sua herança
Está de pé
Brasil não é Brasil
Sem Beija-flor

Iererê Ierê
Minha vida meu amor
Pelo som do tambor
É ela
Vem ser mais um
Neguinho da Beija-flor
E desfilar
Um sorriso na passarela

PARCERIA DE SIDNEY DE PILARES

Compositores:
Sidney de Pilares, Ribeirinho
Domingos PS, Claudio Gladiador
Thiago Savanna e Claudio Mattos

Participações Especiais:
Thiago Meiners
e Marquinho Mineiro

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Batuque
De Jêje e Nagô
Sou Quilombola
Descendente de Zumbi
Tenho a grandeza
De Daomé
Meu sobrenome
É resistir
Se eu e você
O mesmo sangue
E a mesma dor
Minha deusa mostra
Seu valor
Correm nas veias
Tantos ideais
Quem dera, irmão…
A liberdade
Fosse beija-flor
E ecoasse ao toque
Do tambor
Herança que vem
Dos meus ancestrais

Se a justiça
De Xangô
Puder reinar
Os saberes de Nanã
Vão permitir
Que as águas de Oxum
Lavem toda intolerância
Só Oxalá pode entender
O que sofri

Mordaças não calaram
Pensamentos
É preta a poesia
Da favela
Meu verso é arma
Que desarma a opressão
E o samba
Meu retinto sentinela
Levante Brasil
Carrega a alma
De Angola e Soweto
Respeito é o clamor
Que vem do Gueto
Chega dessa
Falsa Abolição
Sou filho de Ogum
Tua espada ilumina
O meu caminhar
No terreiro
De Neguinho
E Cabana
Empretecer é
Revolucionar

Salve Obatalá
Uma luz anunciou
Vencer demanda
É o orgulho
Da nossa cor
Meu canto é raça
É voz que não cala
Meu lugar de fala
Beija-flor

PARCERIA DE AILSON PICANÇO

Compositores:
Ailson Picanço
Guga Martins
Abílio Jr.
Davison Jaime
Prof. Zé Ricardo e
Clairton Fonseca

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Talha de um Baobá
Pensamento milenar
Resistência da cor
Ouça o que vou contar
À luz do luar
Ao som do tambor
Como faziam
Meus ancestrais
Em antigos rituais
Jeje-Nagô
Lamentos e dores
No livro da escola
Nossos valores
Não ensinam, porquê?
A tinta preta
Que escreve
A história
Papel em branco
Não pode esconder

A maré não vai levar
Do teu colo, Yaô
Esperança Iorubá
Sonho de um Beija-flor
Quando a luta
Foi semente
Atabaque não calou
O suor da corrente
Nessa terra germinou

(Na gira, na gira
Na gira do Orixá
Num verso
À beira- mar…
Irmão te peço
Agô, ôôô
O verbo
Não foi em vão
O palco
Da libertação
Revelou
Palmares
E o Quariterê
Resistem
A cada estação
Empretecer é saber
Que os poetas
Podem ter a cara
Da nação
Cabana…
Onde abriguei
Meu samba
Nas guias da baiana
Memórias do griô
Na pele as marcas
Do tempo
Raça, raiz
Sentimento
Lugar de fala
Que meu povo
Conquistou

Firma o Cangerê
Toca o adarrum
Festa no Ayê
Alma no Orun
A Beija-flor
É nossa voz
O samba é preto
E sempre lutou
Por nós

PARCERIA DE MARCELO GUIMARÃES

Compositores:
Marcelo Guimarães
Rogério da Mata, Tubarão
Almir Mendonça
Leandro Rato e Drédi

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Sou obra prima
Que nasceu de Obatalá
Na melanina
Africano, vencedor
O ébano
Vigor exuberante
A mente brilhante sim
Um pensador
Rejeito a estreita
Visão do passado
Aprenda que além
Do sorriso no olhar
Valente, orgulhoso
E o punho cerrado
Correntes vou sempre
Quebrar
A sabedoria liberta
O verbo desperta
A força da cor
Sou negro Beija-flor
Sou negro e Beija flor

Cabana ê Cabana
Cabana meu Kalamba
Preto Velho me dizia
Poesia soberana
Negritude alumia
Raça nilopolitana

Afro Brasil
Empretecer
É seu caminho
À voz que ecoa
De um mestre Neguinho
Estrelas que brilham
Nos palcos e telas
Guetos, campos
Favelas…
Respeitem quem somos
Na luta
De novos quilombos
O dom é semente
Que nasce na gente
Pretos sim
Irmãos geniais
Pretos sim
E somos iguais
Pelos caminho da luz
E aos olhos do pai

Ogunhê
No Orum Ayê
Duduti Lê, Odara

Mete a mão
Nesse tambor
O dia vai raiar
A luz do Griô
Sempre a nos guiar
Tenho orgulho
Do que sou
E quero muito mais
Por meu Beija-flor
Por meus ancestrais

PARCERIA DE LUCAS GRINGO

Compositores:
Lucas Gringo
Julio Page
Ney Baiano e
Beatriz Quintino

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Eu sou o povo
Da Baixada
Minha voz
Está cansada
Mas é hora de gritar
Preto, tantas vezes
Oprimido
Chamado de primitivo
Mas eu sei o meu valor
No olhar a fé
Que nunca se apagou
E as marcas
De uma falsa Abolição
Não sou só mais
Um braço forte
Pois é da mente
O poder de vencer
A opressão
Negra voz
Que nunca se cala
Quilombo valente declara
Levanta, que a luta
Ainda não acabou

“Auê
Meu irmão café”
Mesmo em meio
A balas perdidas
E tanto descaso
Estamos de pé
Eu sobrevivi
“Meu irmão café”
Entrelinhas, rasura
Censura minha gente
Não quer

Oh Mãe África
Reviver, Ilê Ifé
Se ergue no palco
Do solo sagrado
Herança da cor
A excelência
É dom ancestral
Inspiração
Que me faz imortal
Ọba Cabana
Iê viva
Meu Mestre Camará
Retinta mão
Que borda esperança
E faz revolução
Ao ressoar
o grito forte
Nilopolitano é rei
Dessa avenida
Vencedor
Beijo a flor
Da igualdade
No terreiro
A liberdade

Abre o xirê
Bate o tambor
Ìyálóde
Alámoyê, agô
Quando ouvir
A voz é ela
Agbará Dùndún
É Beija-flor
Na passarela

PARCERIA DE LIA DE ITAMARACÁ

Compositores:
Lia de Itamaracá
Jorginho Moreira
Marcelo Lepiane
Rafael Gonçalves
Maurício Amorim e Vieira

Participações Especiais:
Walnei Rocha e Rocco
Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Balança
O tumbeiro (ôôô)
Hoje é dia de batalha
Quem não aceita migalha
Empretece o pensamento
Marcado, ferido
Nas dobras do tempo
Bravura trançada
De fibra ancestral
Firma ponto, ritual
Nos tambores a essência
Entre espinhos
Resistência
Meu axé semeou…
Em cada tom de preto
Há liberdade
Armadura da verdade
A memória de um Griot

Sou eu
O verso mais livre
Da cena retinta
Escrito na pele
Que a noite habita
Do ventre africano
Eu sei que herdei
Sangue de rei
(Do ventre africano
Sangue de rei)

No Aye, uma flor
Ao relento
Corteja o vento
Feito mestre-sala
Não resistirá
Feitor nenhum
Quando a cor do Orum
Desfilar em suas alas
Sim… ainda ouço
Os versos de Cabana
Carrego a alma
Nilopolitana
No sorriso
Da porta-bandeira
Comunidade, eu sou
A maior razão
Do meu cantar
Nunca desafie
Um beija-flor
Quando ele voa
Sabe aonde vai chegar

(Legbàra)
Ô Legbàra
O meu canto
É por justiça
Identidade na cor
Preta é a voz
Que não se cala
Ouça a voz
Da Beija-flor

PARCERIA DE KIRRAIZINHO

Compositores:
Kirraizinho, André Renato
Dimenor BF, Diego Oliveira
Gabriel Ramon e
Marquinhos Beija-flor

Intérprete:
Neguinho da Beija-flor

Será
Que a imagem retinta
Reflete a alma
Do criador
São tantas lutas
Que outrora
Marcaram a memória
O fim de uma dor
Para se libertar
Da injúria
Preconceito
E sofrimento
Julgado, condenado
Ao esquecimento
Segregando
Seu direito
De sonhar
A força
Dos meus ancestrais
Presente do Ébano
A inspirar
Legado esculpido
Na história
A empoderar

Patuá da minha fé
Palha, arruda e guiné
O batuque “do griô”
Lumiou meu caminhar
Ogum…
Venceu barreiras
Oxum…(ô)
Na cachoeira
A justiça de Xangô
Vem da pedreira

Ver a negra
Arte sendo resgatada
Ler as frases
De “Marias”
Consagradas
Abrir um livro
Que o passado
Não contou
A poesia
Que libertou
Pra enaltecer
Visto de preto
O meu Beija-flor
Vou representar
Nos grandes palcos
Da ilusão
Estrelas
Da nossa escola
Orgulho de tantas
Vitórias
Que vão brilhar
Numa constelação

Honro a minha pele
A tradição Nagô
Empretecer é a voz
Da Beija-flor
Hoje o terreiro
De Cabana é inspiração
O meu Quilombo
Minha nação

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