
A abertura do desfile da Unidos de Vila Isabel sobre Brasília, a Capital Federal, incluirá não apenas um abre-alas de grandes proporções – já aguardado anualmente pelo torcedor da escola – como também o bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Denadir Garcia, cuja apresentação encontra inspiração em elementos de grandes espetáculos de dança.
No terceiro ano trabalhando juntos, a dupla já desenvolveu uma assinatura própria capaz de garantir a nota máxima na apuração da quarta-feira de Cinzas. Agora, com auxílio da coreógrafa Ana Formigheri, eles têm aparado eventuais arestas e aproveitado o momento de maturidade para conferir cada vez mais importância à passagem do pavilhão azul e branco pela Marquês de Sapucaí.
A coreógrafa que trabalha com o casal desde 2018, e atua há uma década na área, dá algumas dicas do que será visto na Avenida.
“Raphael e Denadir são um casal com alguma maturidade. O carnaval tem pessoas novas e cheias de talento vindo aí, mas eles se encaixam numa categoria de pessoas que já estão escrevendo sua história há um tempo. No ano passado, além da dança dos dois, funcionou muito bem o entrosamento que criamos entre a coreografia e os guardiões que selecionamos. No desfile deste ano, faremos isso com mais de ousadia”.
Os guardiões que desfilam com Raphael e Denadir são um grupo de componentes responsável por garantir a segurança da dupla, impedindo que curiosos se aproximem do pavilhão enquanto ele cruza a pista carregado pela porta-bandeira. A essência da defesa do pavilhão segue a cargo do mestre-sala, mas o conjunto de componentes assume a função de guardar todo o perímetro no qual eles dançam em frente à cabine de jurados. Trata-se de uma tarefa das mais nobres, incorporada inclusive no enredo: Guardiões desfilam muito bem fantasiados, a exemplo do próprio casal, e ajudam a contar a história proposta pela agremiação.
“A função do guardião também é abrilhantar a dança, sem interferir ou atrapalhar. Os jurados costumam assistir cenas de espetáculos como os do Theatro Municipal, em que há toda uma composição cenográfica. E nós podemos proporcionar isso no Sambódromo, criando uma moldura formada por guardiões que compõe a cena do casal. Na minha coreografia, tudo é pensado e nada é por acaso”, afirma Ana Formigheri.
Amigos há 25 anos, Raphael e Denadir têm muita proximidade e a utilizam para beneficiar o próprio entrosamento no trabalho. Eles têm criado um laço semelhante com seus guardiões. Na temporada passada, a escola fez uma audição para selecionar quem teria a honra de acompanhá-los na Passarela. Agora, o grupo criado no ano passado irá repetir a experiência, cercando o casal de cuidados e afeto – o que já tem acontecido desde a temporada de ensaios.
“É muito bom criar um grupo de guardiões. Criamos amizades e, entre os nossos, existem até pessoas que já estiveram com cada um de nós em outros momentos importantes da vida. Eles têm um papel muito importante de proteção para que nada nos atrapalhe e ajudam a deixar a apresentação mais bela”, defende Denadir.
O mestre-sala segue a companheira de dança e também exalta a presença dos guardiões no desfile. Para ele, o grupo ajuda a escola a eliminar preocupações.
“Acontece muito de alguém na pista acabar atrapalhando. Os guardiões garantem menos uma dor de cabeça para a equipe de Harmonia ao proteger nossa dança. Tudo é muito explicado e ensaiado para que não tenha erro. Eles desfilam muito concentrados”, disse Raphael.
Segunda escola a desfilar na noite da segunda-Feira de folia, a Vila Isabel apresentará o enredo “Gigante pela própria natureza, Jaçanã e um índio chamado Brasil”, que está sendo finalizado pelo carnavalesco Edson Pereira.
Fotos: Eduardo Hollanda