Unidos do Viradouro

Compositores:
Dadinho, Fadico
Rildo Seixas, Manolo
Anderson Lemos
Carlinhos Fionda
e Alves
Intérpretes:
Tinga e Diego Nicolau

Levanta preta
Que o sol tá na janela
Leva a gamela
Pro xaréu do pescador
A alforria se conquista
Com o ganho
E o balaio é do tamanho
Do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossos ancestrais
Sempre acordam a manhã
Pra luta
Sentem cheiro de angelim
E a doçura de quindim
Na bica de Itapuã

Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias
Baixa do dendê
Chama a freguesia
Pro batuquejê

São elas
Dos anjos e das marés
Caboclas do balangandã
Ô iaiá
Ciranda de roda
Na beira do mar
Aguadeira que benze
E vai pro terreiro sambar
Ganhadeira de fé
É a voz da mulher
Xangô ilumina a caminhada
A falange está formada
Um coral cheio de amor
Kaô! O axé vem da Bahia
Esta negra cantoria
Que Maria ensinou

Oh! Mãe ensaboa
Mãe ensaboa
Pra depois quarar

Ora yê yê o Oxum!
Seu dourado tem axé
Fiz o meu Quilombo
No Abaeté
Quem lava a alma
Desta gente veste ouro
Ê Viradouro! Ê Viradouro!

Compositores:
Felipe Filósofo
Fabio Borges
Pereira, Porkinho
Paulo Salum
F. Coutinho e Bertolo
Intérpretes:
Bruno Ribas e
Nina Rosa

O canto das “ganhadera”
O sangue que já chorei
Resiste a mulher brasileira
À vida de opressão
Morrer sem dignidade
Sofrer na mão do patrão
Cadê minha carta de alforria?
Roda baiana, Maria
Ao som do tambor Malê

Auê auê Cavaleiro
Ogum, Beira-Mar
Auê auê
Patakori Ogunhê

Sequei a dor
Nos ventos de Iansã

Lavei muita roupa
Em Itapuã

Fiz quitutes pra ganhar
O que já era meu
A preta pobre
Não se curva pro racismo
Desigualdade pesa o preço
Desse vil metal
Farol da praia
Clareou qualquer cinismo
O treze de maio
Não chegou
As “lavadera”
Agora vão pregar
Nos varais do reprimido Brasil
Flores em vida calam o fuzil

Viradouro lava a alma
Nas águas de Iemanjá

Abraça mamãe Oxum
Reina nesse conga

Justiça de Xangô
Kaô pedra rolou

Compositores:
Dominguinhos do Estácio
PC Portugal, Mocotó
Lico Monteiro, Willian Neves
Família Azul e Rosa
JB Oliveira, Marcelo Lepiane
Luizinho das Camisas e
Serginho Piranha
Intérpretes:
Dominguinhos do Estácio
e Grazzi Brasil

Menina bonita de Itapuã
Baiana da saia
Rendada e colar
Papai pescador
E mamãe lavadeira
Acorda cedinho
Pra ir trabalhar
Na riqueza que deságua
A doçura da ribeira
Vi nas dunas liberdade
“Cla’reia”
Ôlo pandeiro, ôlo viola
Canta canta menininha
Hoje tem samba de roda

Com balaio na cabeça
Carregava a alforria
Ganhadeira qual seu nome?
(Maria… Maria)
Ouço o canto da sereia
Sob a luz desse luar
Jangadeiro seu amor
Foi buscar à beira mar

Bem à sombra
Da aroeira (ôôôô)
Um perfume
De dendê (de dendê)
Seu sangue malê me leva
Às terras de Salvador
No balanço das marés
(das marés)
A bênção meu protetor
(Kaô)
Dança mainha
Na fé de Orum Ayê
Rufam tambores
Nas cores do Ilê
Vem meu dengo
Tenho tanto pra contar
Histórias que o tempo
Jamais apagará
Guerreira mulher
A voz desse povo
Chegou nosso dia: Viradouro

A Bahia vem me abençoar
Viradouro lava a alma
No Abaeté, seu batucajé
Os seus filhos têm axé

Compositores:
Claudio Mattos
Thiago Meiners
Maninho da Cuíca
Oliveira
José Bastos e
Marco Moreno
Participação Especial:
Willian Lima
Intérprete:
Wander Pires

Eu sou Maria
Das águas de Itapuã
À luz da manhã
É doce o meu cantar (orayeyeô)
Seu ouro reflete o axé
Que mora no abaeté
Encanto que veio pra nos guiar

Vou jogar minha rede no mar
Ô sereiá, sereiá

Quem ofertou
Tem peixe pra dar e vender
Terreiros da baixa do dendê
Das ganhadeiras
Quem me ensinou
Lições de vida, iaiá

Ê camará, ê camará

E segue a procissão, perfumou
Balaios… frutas e flores
Em São Salvador
Preta se entrega
Ao som do Malê
Liberdade em Orun-ayê
Atabaques a ressoar
Roda a saia baiana
Deixa a gira girar
Ilumina meu caminhar
Oh! Mãe olhai por nós
Desata os nós, peço com fé
Em romaria nas escadarias
Vem purificar
Deixa a lágrima rolar
Meu samba é devoção
A quem lá do alto
Ergueu a bandeira
Falange de Xindó
Salve a mulher brasileira

De alma lavada
De corpo fechado
Xangô kaô kabecilê
No altar do samba
Abençoado
Sou Viradouro
Até morrer

Compositores:
Evaldo, Waldeira Melodia
Floriano do Caranguejo
Zé Luiz, Milton Junior
Adriano Faca, Dr. Heleno
Damião Alves
Sandro Garcia e W. Canoa
Intérprete:
Leonardo Bessa

Oh mãe!
Se achegue para ver o ayô
Das suas negras, cafuzas
Marias… em labor
Nas caminhadas
De aurora dourada
Não esmorecer
Ensinamento
Que nos faz vencer
Lavadeira do Abaeté
Nnão se entrega
A esperança
Em jangadas navega
Há marcas que o tempo
Não vai apagar
São pegadas
Das nossas puxadas
No ballet das redes
Nas ondas do mar
Na secura da pescaria
A “arte das mãos”
Esteio pra família

Meu preparo têm dendê
Sai na hora pra quem quer
Vem sinhá, vem sinhô
Balangandãs, pregoando sabor
Vem sinhá, vem sinhô
Balangandãs, pregoando sabor

Da irmandade
Que trago no peito
Brotou alforria em comunhão
A benção!
Imaculada Conceição
Tem água de cheiro
Perfumando o ar
Oferendas pra Iemanjá
Na energia
Que vem das “Bahias”
Ecoa o som da sabedoria
Descortinando
O véu da igualdade
De alma lavada, comunidade
No altar do samba
Canta o povo em liberdade

Ora yêyê ô!
Mamãe Oxum do amor
Felicidade!
Nos braços da Viradouro
Purificação!
Kaô, divina proteção

Compositores:
José Antônio
Jorge Lambreta
Jukio Louzada
Tio Zé, Bichão Badico
Cara de Macaco e
Washington Motta
Intérprete:
Niu Souza

Vem da Bahia
Essa Maria guerreira
De alma cafuza
De paixão vermelha
Onde o branco espelha
A memória
Ddos nosso ancestrais
Na luta por liberdade e paz
Oxum, rainha das águas
Escuras do Abaeté
Lugar comum
Onde as lavadeiras
Ensaiam um canto de fé
Pedindo ao Astro Rei
Que aqueça a manhã
Do mar aberto de Itapuã

Jangadeiro, joga rede
Vai ter peixe à granel
Guaricema, robalo
Peixe-galo e xaréu
No fuá do mercadejo
Vou vender na freguesia
Realizar o desejo
De comprar minha alforria

Em romaria
Lá vão as marias
Rumo a salvador
No dorso o Erê
No corpo o cansaço
Milhares de passos
Vencendo a dor
As aguadeiras
Vendem água de beber
Em sinfonia o vento
Agita os balangandãs
Quituteiras e artesãs
Participam da festança
Ao som do Malê
A ciranda é a dança
Seus atabaques
Unem orun-ayê
Os pés já calçados
Os punhos cerrados
Sonhos realizados
Igualdade então
Ao sagrado a sua devoção
Na lavagem da escada
Da Matriz da Conceição

A Viradouro
Num canto de fé
Vem exaltar a mulher
Com as bençãos de Xangô
Kaô kaô
De alma lavada eu vou

Compositores:
Lucas Macedo
Matheus Gaúcho
Willer Borges e
Tiago Correa
Participação Especial:
Augusto Souza
Intérprete:
Evandro Malandro

Sonhei…
E um lindo
Alvorecer raiava o dia
Ao som
Dde uma doce melodia
Xindó, negra Maria me falou
Poeta do céu
Vermelho e branco de paixão
Leve de “jangada” inspiração
Nas águas desse
Amor sublime amor
Cafuza, mulata na cor
La luta, na raça, estou
Mãe lavadeira, pai pescador
No Abaeté chão de estrelas
Cantei liberdade
E a fé me guiou

Lá no areal, lá no areal
Tem clamor de ganhadeira
Yalodê ya clareia
Oh meu Deus nos traga sol

Deixa eu rodar
A minha saia no terreiro
Com flores e águas de cheiro
Pimenta, dendê e alecrim
Passando à frente “mãezinha”
Valei-me Senhor do Bonfim
À São Salvador me alumia
Valei-me Senhor do Bonfim
Eu sou… essência brasileira
A esperança
Sambando mar aberto
Entrei na dança
Virei enredo do seu carnaval
E o mundo inteiro
A me abraçar
Eu tenho…
Na resistência
A força da mulher
O canto de igualdade
É meu afã
Punhos cerrados
Sou ganhadeira de Itapuã

Um banho
De axé purificou
A mente, o corpo
O samba, a batucada
O som do atabaque ecoou
Na benção do meu protetor
Sou Viradouro
E tô de alma lavada

Compositores:
Maria Preta
Sérgio Pavão
André Freitas
Bruno Braga
Alcineu Figueira
Gilson Silva e
Augusto Santana
Intérprete: Nêgo
Participação Especial:
Simone Pedro

O sol reluz
Em ouro no Abaeté
Yara conduz nosso
Canto de fé
Iluminando a Viradouro
De Itapuã trago
Memórias ancestrais
E a liberdade estendida
Nos varais
Levando o manto
Vermelho e branco a quarar
Puxando a rede
No balé das ondas do mar
Oferto o quinhão
(Sereia Rainha)
União de mão
Em mão (mainha)
No preparo
Dos ganho o manejo
Caixoteiras, ganhadeiras
No mercadejo

De pés calçados
Sem me curvar, sinhô
É livre meu caminhar
Sinhá (Rumo ao mar)
Tem roda de capoeira, ioiô
E ciranda de samba
Na areia (ô iaiá)

E ao som Malê
Do atabaque do Alabê
Na festa da baleia
O passado reviver
Por nossa voz desata os nós
Senhora da Conceição
Da igualdade
Que vigora (ora yê yeô)
Ora yê yeô Oxum
Por teu braço
Me enlaço com Xangô
Entoando velhas melodias
Espelhando novas cantorias
No compasso
Da lida tocamos a vida
Da força da mulher
Não se duvida

Mojubá Iyá Maria
Ìyálòdè ganhadeira
Ìyálòdè
Num só cantar
Duas baías
De alma lavada
Kabesilê
De alma lavada
Kawô Kabesilê

Compositores:
Renan Gêmeo
Rodrigo Bebeto Maneiro
Thiago Carvalhal
Ludson Areia, Jr. Filhão
Raphael Richaid
Ricardo Neves e
Carlinhos Viradouro
Intérprete:
Marquinho Art’Samba

O sol nas águas
Do Abaeté
Espelha o amanhecer
Reflete a força da mulher
U “Maria” entre as “Marias”
Caminhando na areia
A liberdade
É o sonho que semeia
De pés descalços
No quarar de cada dia
Jangadas ao mar
Cantigas no ar
Pra Iemanjá abençoar
A pescaria

Tem amor lá no chão
No meu terreiro
E o terreiro
É carregado de axé
Vou levando
Com fé o tabuleiro
Até quando Deus quiser

Um canto de paz
E a tarde cai
Sob a luz do farol
A dança livre
Ao som do tambor
Da negritude
Que não se entregou
Não se entregou jamais
Encontro na mãe
A mão que desata os nós
Enfim somos todos iguais
Olhai por nós

De alma lavada
Sou Viradouro
E nossa voz é oração
Nas ganhadeiras
O clamor de união
Do meu Brasil
De alma lavada
Sou Viradouro
E nossa voz é oração
Nas ganhadeiras
O clamor de união
Do meu Brasil

Compositores:
Dan Passos
Victor Rangel
Deco, Helio Porto
Cristiane Mazarim
Ari Jorge, Serjão
Henrique Hoffmann
e Miranda
Intérprete:
Emerson Dias
Participação Especial:
Flávia Saoli

O sol beija o Abaeté
E reluz meu olhar
Ora ye yê ôô
Tem rede, jangada
Quinhão e canção beira mar
Odoyá…
É vida de ganhadeira Iaiá
De mãe lavadeira
E pai pescador
Passa na frente Maria
Teu povo chegou

Entra na roda cirandeira
Traz seu tempero
Pro nosso Xirê
Toda baiana
De mão cheia
Tem na veia
Pimenta e dendê

Dentro desse tabuleiro
A arte ganha a cidade
Balangandãs, renda
Banho de cheiro
Uma por todas, irmandade
Todas por uma, liberdade!

Firma na palma da mão
Batuque no areal
Minha bandeira é
Resistência no varal

Mar aberto vem mainha
Canto de sereia
Festa pra rainha
Oh! Senhora dai-me proteção
Valei-me Santa Conceição
Odô! Viradouro!
Juntos iremos lavar
A alma das guerreiras
Brasileiras
Com a sina de ganhar!

Ô Iaô Yalodê
Yalodê ô Iaô
Toda mulher
Tem a força de maria
Na ginga da Bahia
Viradouro alumiou

Compositores:
Alcides Gargalhada
Altamiro, Ricardinho
e Paulo Borges
Intérprete:
Carol Vitalino

Maravilhoso
Dia de alforria
Transborda meu coração
De alegria
Nas profundezas da lagoa
Um canto forte ecoou
Era o inicio
De uma era magistral
Cantarolando pelas ruas
As lavadeiras em comunhão
Em busca de resgate e tradição

Brilha o sol
Roda a saia baiana
Reflete o ouro nas águas
Escuras da lagoa
Oh sereia rainha
Vamos nesta onda marear
No futuro acreditar

No terreiro de dendê
Na Bica de Itapuã
Lá vão as Marias
De saias florais
Com símbolos dos Orixás
E canto de felicidade!
A luz ilumina seu caminhar
De braços abertos
Na beira do mar
Na lavagem da escadaria
Saudando nossa mãe Maria
E as baleias foram brincar
Hoje temos a voz
A luz e a liberdade
Brasil você quem diz na Sapucaí
Meu trabalho, meu sustento
Onde tudo começou
Os protetores a guiar
As ganhadeiras vão brilhar

No balanço das ondas
Lá vou eu
Com a inspiração
Que Deus me deu
Viradouro de alma lavada
Desta Bahia tu não esqueceu

Compositores:
Ana Guerreiro
Ana Rodrigues
Chuca, Cintia Valle
Dedé Cunha
Elenise Baptista
Lu Souza
Lucinha Tavares
Nando da Viola e
Vitor de Souza
Intérpretes:
Bira Silva
Marcelle Motta e
Nando da Viola

Tantas Marias
Entoaram o seu cantar
Como um grito de dor
Resistência negra
É ser forte para lutar
Como um gesto de amor
E trabalhar com honestidade
E trabalhar com dignidade
Suor no rosto pela alforria
De todas elas, de cada Maria

Vêm chegando
As ganhadeiras
Da Praia de Itapuã
Vai ter samba
A noite inteira
Só termina de manhã

Vêm chegando as lavadeiras
Filhas de pai pescador
São Marias, são guerreiras
Vêm lá de São Salvador
Cantam cantigas
Desde os tempos da senzala
Sabem tratar
A dor com doçura
O luar prateia
Essa voz que não se cala
E ecoa na noite escura
Sempre Marias
As ganhadeiras
Sempre Marias
São brasileiras
Cantando forte
Cantando a vida
Pedem passagem
Nnesta avenida

Lagoa do Abaeté
Levo a alma para lavar
Emoção amor e fé
Viradouro vem mostrar
Luz do livre caminhar
São mulheres de verdade
Feito as ondas do mar
Hoje cantam liberdade

Compositores:
Carlinhos da Padaria
Beto Professor e
Medeiros
Intérprete:
Beto Nascimento

Meu pai era pescador
O mar, um mundo
De felicidade
Minha mãe
Lavadeira e amor
Meus ancestrais
A liberdade
Raiou um novo dia
Que alegria
Ver o sol brilhar!
Vamos olhar a magia
Das lavadeiras a dançar

Alodé, minha sereia
Salva e rainha do mar!
Quero brincar na areia
Meu samba de roda sambar

Um farol
Vermelho e branco
Vai mostrar
Mais um momento
Dde beleza
Terra, céu e mar
Como é linda a natureza!
Vão lavar a escadaria
De Nossa Senhora da Conceição
Vem rufar os atabaques
Lavar alma e o coração

Kaô! Meu pai Xangô
Eu lhe peço proteção
A Viradouro chegou
Na fé de São João

Compositores:
Carlos de Souza
Paulinho Ramos
Adilson do Cavaco
Cici Maravilha
Claudio Café
Dudu Rocha
Marcio Silva
Márcio Magnata
Luiz Antonio e
J. Dodoy
Intérprete:
Cici Maravilha

Chegou a hora!
Das Marias lavadeiras
Vem descendo a ladeira
Cantarolando uma canção
Adocicadas pelos cachundés
Ao som que encanta
Mminha paixão
Nas ondas
Que nos traz saudade
Das águas de Itapuã
Vem saudando
A mãe sereia
Morena guerreira
Traz inspiração

Quem vai querer
Ppode chegar
Nesse mercado
Tem de tudo pra comprar
Água de cheiro
Oh! minha flor!
Compre de tudo
Só não leve meu amor

No espelho
Que reflete a vida
Na escadaria
Lavo a minha devoção
Do vento
Que deixou saudade
Na realidade…
Dde uma canção
Iluminai os meus caminhos
Oh mãe da purificação
Orun-ayê…
Eu vou bater
O meu tambor
Chora cuíca
Com pandeiro e agogô
O samba que é sagrado
Em meu lugar
Com a benção de Xangô
Vou conquistar

Brilha o sol
Reluz o ouro
Meu pavilhão…
Sou Viradouro
Lavando a alma
E o coração
E o sonho de gritar
É campeão

Compositoras:
Cecilia Cruz
Diana Nascimento
Juaciara dos Santos
e Thais Villela
Intérprete:

Um farol
Vermelho e branco
Ilumina Salvador
Abaeté, espelho d’agua
De Itapuã
Mulheres doces
Punhos cerrados
Os pés descalços a caminhar
Esse caminho sem fim
Da luta contra o algoz
Um pouco de mim
Numa falange de nós
Sou Maria de Xindó
Filha de mãe lavadeira
O canto das matriarcas
E a fé das rezadeiras
Em fevereiro
Vou levar flores ao mar
Nas águas doces
Lavo meus balangandãs
Ora yeyê Oxum
Na força de um punhal
Kaô Kabecilê, justiça ancestral
E no tambor malê
Meu grito a ecoar
A liberdade
O povo negro vai cantar

Vamos chamar o vento êô
Vamos chamar o vento êa
Vem sol pra lavadeira lavar
Vem sol pra lavadeira lavar

Xaréu, robalo
Guaricema e peixe galo
Odoyá minha rainha traz
O pão de cada dia
Sereia menina
Princesinha do mar
Na puxada da vida
Não deixa meu barco virar
Saia de roda de samba
Samba de areia, cirandar
Samba de roda, de bamba
Roda da vida, vai girar
Sou quitandeira
Sou cantadeira
Na lida do dia-a-dia
Sou ganhadeira
Canta a libertação
Em forma de oração
Na passarela
Vem a nossa procissão

Vim da Bahia pra vadiar
Vou cair na gandaia
Viradouro vira ouro
Vira mar
Tô de alma lavada

Compositores:
Leonardo Peixoto
Tracy Rangel
Jairo Alexandre
Carol Cardoso, Bastos
Walner Santos
Rubinho do Lins e
Silvio Junior Harmonia
Intérprete:
Carol Cardoso

Sou Maria sim senhor!
Negra, cabocla
Com sangue de índio
Lutamos pela igualdade
Originada pelos
Nossos ancestrais
No litoral do meu Brasil
Sobre as águas de Itapuã
Ao nascer do sol
Em comunhão
As lavadeiras
Heroínas e guerreiras
Entoam cânticos bravios
Para dominar
Os sentimentos
E alcançar
A sua paz interior
Ganhando a força assim
Para o balé das suas redes
Na colheita do plantio
No Preparo de iguarias
Com manejo a artesã
Usava criatividade
Na bica de Itapuã
Encontro das ganhadeiras
Para comprar a liberdade
Dona Maria de Xindô
Chegou com gamelas
Cestos e saias florais
Colares de contas
Para o ritual
De uma longa trajetória
Lá se vão “Marias”
Para São Salvador
Numa bela procissão
Exemplo de força e coragem
No ganho do pão
Hoje meus pés descalços
Tem sandálias pra usar
De punhos serrados
Eu uso joias de crioulas
Ao som de malê
Mulheres cantam
Liberdade enfim
Demonstrando
A irmandade na fé
Devoção à Nossa Senhora
Juntos nós somos mais fortes
Na pura essência de ganhadeira!
Carinho, bravura e paixão
Estão no sangue
De toda mulher brasileira

Obanixê kaô
Kabecilê meu Xangô
Peço a proteção
Para o meu pavilhão
O meu maior tesouro
Venho de alma lavada
Canta Viradouro

Compositores:
Marcos Oliveira
Pedrão
Roberto Ribeiro e
Seu Reginal de Itapuá
Intérprete:

Já desembarcou
O povo negro no farol
Vermelho e branco
Pedra que ronca
Tradição Tupinambá
Com a doçura
Das Marias ancestrais
Sol raiou
Lá vai Maria
Pra ganhar o dia
Sua devoção
Seu canto de alforria
Pede por libertação
O ouro nas águas
Escuras da lagoa
Areia fina
O véu da noiva é comunhão
Lavar e quarar
Na sombra do Angelim
Pra desprezar
As impurezas do patrão
O canto das Marias lavadeiras
Samba de roda
Coqueirais de itapuã

O axé da Baixa do Dendê
Pega água na cacimba
Pra ganhar e pra beber

Toda mulher brasileira
Na sua maneira, é ganhadeira
De saia, colares de conta
E panos de chita, é ganhadeira
É hora de agradecer
A pescaria para nossa padroeira
Na quinta geração
Maria de Xindó
Resistente lavadeira
São João é o protetor
E a Viradouro
Defendeu sua bandeira
Que o fogo de Xangô
Traga justiça
Pras marias brasileiras

Com a alma lavada
A Viradouro
Conta história da nação
Amendoim, xaréu, robalo
A ganhadeira
Faz a sua mercação

Compositores:
Marinheiro, Marcus Lopes
Paulinho Cowbow, Josias
Dango, Bigode
Pedro do Depósito e
Marquinho da Hora
Intérprete:

Que bom poder mergulhar
Ganho sagrado
Revigora o meu ser
O tom do sol cobriu o mar
Banho dourado
Acordar no amanhecer
Sou menina de Itapuã
Onde a ginga
Se espraia na manhã
Ouço o cantar
Que nas águas se escondeu
Odoyá, ora ie ieu
Ô… odoyá, ora ie ieu
Sereia, minha aldeira
A “alumiar”
Nas ondas da vida
A me guiar
É a candeia
Que acende a fé
Mantém o axé pra
Cada jangada chegar

Alforria tem sabor
No meu tempero
Ô, iaiá…
Ppra esperança clarear
Oi tem pimenta de cheiro
Apimentou o paladar
Lá no terreiro

Lá vai Maria
Conquistando a freguesia
Quem vai comprar?
Quem vai querer?
Ê, baiana… baianinha boa
O vento soa
Voa seu balangandã
Ao som do atabaque
Eela dança
Tem festança
Com o “toque” de magia
Teu samba
É mar aberto… é poesia
Pra baleia cortejar
Pra Nossa Senhora navegar
Na lavagem da igreja
O altar de Iemanjá
Hoje meu batuque é herança
Nesse palco de bambas
Sou ganhadeira vou cantar

Bahia sagrada… axé
Deságua na Guanabara
Vem ver
Viradouro se faz
Empoderada mulher
De alma lavada pra você

Compositores:
Moacir MM
Mauriceia Martins
Helenice Carvalho e
Bira Oliveira
Intérpretes:
Tatalho e Tete

Ê Bahia
Dessa Maria guerreira
De alma cafusa
E paixão vermelha
Oh Mamãe Oxum
Protegei as águas do Abaeté
Da pequena Itapuã (ôô)
Um canto de fé

Joga a rede
Ppescador ôô ôô
Traz peixe-galo
E xarel (e xarel)
Pra vender na freguesia
E conquistar minha alforria

Lá vão Marias
Vencendo o cansaço
Rumo a Salvador
As “aguadeiras”
Refrescam a sede
Ameniza o calor
O som do atabaque
O compasso da dança
Lava todo o pecado
Na escadaria
Da Matriz da Conceição

Ôô ôô
Kaô meu pai Xangô
De alma lavada
A Viradouro é isso aí
Contagiando
A Marquês de Sapucaí

Compositores:
Patrick Barbosa
NK D’Souza
Emerson Carmo
Marvyn Siqueira
Favio Sanches
Enio Alves
Felipe Carioca
Ricardinho Argentino
Nanda Sodré e
Carla Kakau
Intérprete:

Maria, a negra
Cor pintava a liberdade
Pulsava o peito
Aberto de alforria
Xindó, a desaguar
Essa saudade
Lava, mamãe!
Na ribeira dessa vida
E papai já foi pra lida
Joga a rede em alto-mar
Varais de sonho
Na riqueza dessa gente
Doce água do afluente
Leva meu Abaeté
Até a rainha do mar

Fio de contas
Perfuma o ar
Com o dendê
Nossa Senhora
Lá vai Erê
Malés, cheganças, Ilê
O toque do tambor
Unindo Orun e Ayê!

Os pés cansados
Calçados de liberdade
Na maré baixa rumaram
A São Salvador
Coração de lavadeira
Ouve o canto da sereia
Odoyá sob a sombra
Da aroeira
Refúgio pra descansar
Kaô, meu protetor, kaô!
Nas ladeiras dessa luta
Os louvores de axé
Brasileira
Ganhadeira das batalhas
No peito colares
Enfeitam a fé
De fato o retrato
Um Brasil
Qque se chama mulher

Ora iêiê ô! Oxum já derramou
Lava minha’alma Viradouro
De Itapuã, um canto ecoou
Deságua das mãos teu amor

Compositores:
Reginaldo, Ivan
Guto, Zantonni e
Alédio do Cavaco
Intérprete:
Alexandre Simpatia

Sou maria… de “Xindó”
Sou cafuza!
Nobre elo de união
Das escravas
Pelos mesmos ideais
“Lavadeiras” que clamam
Por mais sol
No alvorecer do “Abaeté”
São negras, guerreiras de fé
Na luta por respeito social
E liberdade
Que a história
Muito bem vivenciou
Puxando redes de pescados
Pra ganhar o seu quinhão
Na gamela, acarajés e abarás
No “mercadejo” a pregoar
No quarar
Das impurezas do senhor
À sombra
De “Angelins” cantarolá

Do “Orun”
As mães “yamins”
Direcionam no “ayie”
Nossa caminhada
Em busca de
“Alforria” tão sonhada

Em procissão de balaios
Chegam
Ao “Porto das Freguesias”
Na cidade de “São Salvador”
De saias florais
Dançam ao som “Malê”
Nas cheganças, “o cirandar”
“Samba de roda”
As romarias
Com oferendas ao mar
Devoção que revigora
No purificar da “Conceição”

A “Viradouro”
De “alma lavada”
Com as bençãos
Do seu protetor Xangô
Louva as “ganhadeiras
De Itapuã”
Cantando com amor
No coração

Compositores:
Xico Galileu
Bia de Paula
Leda Nascimento e
Banana da Ilha
Intérprete:
Xico Galileu

Ouço o canto
Dos meus ancestrais
Implorando intolerância
Nunca mais
Palavra maldita
Tantas vezes dita
Contra o amor
Ilumina o povo
Meu pai!
Kaô meu pai Xangô!

No mar eu vou pescar
Na terra
Vou plantar e colher
Ofertar meu quinhão
Ajudar meu irmão
Contra essa praga
Que se chama escravidão

Mas nem tudo…
Mas nem tudo está perdido
Vejo na luz no teu olhar
Mulheres são guerreiras
Com as bençãos de Oxalá
Energia a toda prova
Que vem de Ogun
E no brilho dos teus olhos
Vejo Aiê e Orun
Trago alegria pra sambar
É dia de festa
Vamos comemorar
Se achegando ao bem
Expulsando o mal
De alma lavada
Neste carnaval

Sou Viradouro, sou Marias
O meu lema é alforria
Da Bahia trago axé
Sou ganhadeira do Abaeté